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Evidências empíricas da eficácia de novo tratamento para o Autismo

Com bons resultados nos EUA, análise do comportamento aplicada ao Autismo é usada com sucesso por professora da USP, conferencista da reunião da SBPC

Do Recife – O QI de crianças autistas submetidas por dois anos a uma nova forma de tratamento – a terapia ABA (da sigla em inglês Applied Behavior Analysis)  – aumentou 20 pontos, em média, chegando próximo ao normal. Nove dessas crianças aumentaram o índice em 30 pontos, possibilitando que fossem inseridas em sala de aula regular.  Os resultados animadores obtidos  pelo Dr. O. Ivar Louvass, do instituto americano Louvass, instigam estudiosos do Autismo.

Uma sala lotada de rostos atentos formou a plateia da professora Maria Martha Costa Hübner, da USP, que apresentou a palestra “Análise do comportamento aplicada ao Autismo”, nesta quarta, dia 24, na 65ª Reunião Anual da SBPC, na Universidade Federal de Pernambuco, no Recife. Todos estavam ali para conhecer melhor a terapia ABA, que usa a análise de comportamento aplicada , e vem sendo usada com sucesso no Centro de Apoio ao Autismo e inclusão social da Universidade de São Paulo (CAIS-USP).

A pesquisadora apresentou resultados do trabalho desenvolvido pelo Dr. Louvas.  “Crianças com o mesmo diagnóstico que não foram submetidas ao tratamento intensivo não apresentaram melhoras: o QI ficou em torno de 50 - o normal é considerado 85”, comparou. De acordo com ela, a terapia tem como objetivos obter mudanças de comportamento para adquirir uma função adaptativa, que sejam generalizáveis para uma diversidade maior de ambientes e que sejam mantidas ao longo do tempo. “Isso demonstra que há uma forte evidência empírica da eficácia do tratamento ABA”, analisou.

“É preciso identificar o comportamento alvo, avaliar as respostas, observar e mensurar de forma direta essas relações. Além de realizar uma avaliação constante, comparando as medidas iniciais e finais para verificar o progresso no aprendizado”, resumiu.


O trabalho no CAIS da USP

Em seu trabalho no CAIS, Martha Hübner ensina os pais das crianças a aplicar estratégias de ensino com seus filhos em casa. “Tem dado muito certo. Ensino os pais até a coletar e analisar os dados. E eles registram tudo em folhas de relatórios, fotos e vídeos. E não há o risco de dados mascarados, pois são eles os maiores interessados no desenvolvimento das crianças”, observou.

O treinamento dos pais inclui aulas teóricas sobre princípios básicos do comportamento, informações sobre a terapia ABA e ensaios de comportamento. Eles também recebem apoio dos terapeutas na correção de falhas na aplicação da terapia. O CAIS foi instituído por meio de um acordo binacional (Brasil – EUA), para a  criação de lideranças e intercâmbio de recursos humanos para o suporte à inclusão social.  Além do objetivo de formar recursos humanos, o trabalho está baseado no atendimento comportamental aos pais e às crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de 2 a 13 anos.

De acordo com Martha, aproximadamente 75% das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam deficiência intelectual e desenvolvimento atípico de habilidades cognitivas. Os dados mostrados na palestra revelam que no Brasil são 2,7 os casos de crianças com TEA a cada mil nascimentos. “Em 2007, um estudo preliminar em Atibaia apontou que havia um autista para cada 113 pessoas, entre crianças de 7 a 12 anos. Um cenário semelhante ao dos EUA hoje em 2013”, destacou. Ainda segundo ela, no país não há profissionais para cuidar de todas essas crianças e quando há, o custo é muito alto.

A conferência atraiu muitos professores e até estudantes de nível médio interessados no assunto. Foi o caso de Úrsula Arrabalds, de 16 anos, aluna da Escola Eurídice Cadaval Gomes, do Recife. “Estou aqui por sugestão de minha professora de Biologia. Como penso em cursar Psicologia, acho que esse assunto pode ajudar em minhas escolhas futuras de trabalho”, disse. Para a conferencista, a grande plateia veio atraída não só pelo tema Autismo, mas pela demonstração daquilo que funciona.


(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)

 

 

 

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