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Bolsistas do Ciência sem Fronteiras contam suas experiências

Todas as expectativas foram superadas. Essa foi a opinião unânime dos dez alunos que participaram da sessão especial “Impactos e relatos de bolsistas do Ciência sem Fronteiras”, realizada durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Coordenado pela presidente da SBPC, Helena Nader, o evento teve a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Jose Raimundo Braga Coelho; do presidente da Capes, Jorge Guimarães; e do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, entre outros.

Dentre os objetivos alcançados com a participação no programa, os estudantes apontaram o aperfeiçoamento profissional, a troca de cultura por conta do convívio com pessoas de outras nacionalidades, o aperfeiçoamento do inglês, e a oportunidade de aprender uma terceira língua. “Sempre tive o sonho de viver um tempo fora, melhorar meu inglês e ainda progredir na profissão”, disse Lilian Rosa, doutoranda da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. “Com a bolsa, consegui fazer tudo isso. Foram vários sonhos realizados ao mesmo tempo.”

Bruno Koff, aluno de engenharia mecânica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, recomendou para aqueles que querem também pleitear uma bolsa que invistam no inglês. Ele passou um ano estudando engenharia mecânica no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, o Kaist (apelidado de "MIT coreano"). “Escolhi a Coréia do Sul, por diversos motivos, entre os quais o fato de que o país estava crescendo, além da curiosidade pela cultura”, disse. E acrescentou: “Tive de estudar coreano, mas o inglês foi muito importante porque algumas disciplinas eram dadas em inglês, já que a universidade incentiva e força o conhecimento na língua”, disse.

Já o estudante Pedro Doria Nehme, da Universidade de Brasília (UnB), estagiou na Agência Espacial Americana (Nasa), no Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, após o período letivo na Universidade Católica da América (UCA), em Washington. Depois dessa experiência, Nehme será o segundo brasileiro no espaço, ao ganhar uma promoção mundial realizada pela companhia aérea holandesa KLM. Em 2014, Nehme fará uma viagem suborbital, que deve atingir altitude de até 100 quilômetros.

O físico Rafael Rodrigues Nascimento, doutorando no Instituto de Física na Universidade de São Paulo (USP), também ressaltou a necessidade de conhecer o inglês. “O idioma é necessário e importante para a vida toda”, disse ele, que foi estudar na Alemanha. “Chegando no país escolhido, existe a oportunidade de aprender outra língua.” Nascimento também contou que o começo é difícil, porque a saudade da família, amigos e namorada é muito grande. A solução encontrada por ele para superar isso, foi se jogar nos estudos. “Meu esforço foi reconhecido e até fui convidado agora para voltar para fazer o pós-doutorado”, disse.

A bióloga Lídia Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse que na hora de escolher a universidade é preciso optar pela melhor na área de interesse. “Fui para a Austrália porque queria estudar o comportamento dos golfinhos e lá seria possível”, disse. “Mas muitos amigos se frustraram, porque não realizaram essa análise preliminar.” Lídia, como os outros bolsistas, também comentou a diferença curricular. “Lá temos que aprender a lidar com o tempo, já que não há aulas todos os dias”, contou. “Eu, por exemplo, consegui um estágio como voluntária em um laboratório, o que acrescentou muito à minha profissão.”


Impactos

Os relatos dos estudantes foram comentados pelos participantes da sessão. “Sempre achei esse projeto ousado, mas ele só vai dar impacto daqui a alguns anos”, disse a presidente da SBPC, Helena Nader. “Mas já é possível fazer algumas avaliações a partir do que pudemos ver nesses depoimentos.”

Ela criticou, no entanto, a falta de regras para aproveitamento, pelas universidades brasileiras, das matérias cursadas durante o intercâmbio. “A universidade tem que aprender a valorizar os cursos feitos fora do país”, disse. Para a presidente da SBPC, o programa é ousado. "Não é trivial enviar 101 mil estudantes para o exterior”, disse.

Na opinião de Jorge Guimarães, o aprendizado é sempre gratificante. “Sabia que teríamos resultados”, disse o presidente da Capes. “Mas me surpreendi porque não sabia que havia tantos alunos excelentes no Brasil. A convivência com pessoas do mundo todo, aprender a lidar com o tempo, isso tudo é muito importante.”

O ministro Raupp também avaliou positivamente os relatos dos estudantes. “Fico supersatisfeito que haja um pleno aproveitamento do curso, desde que vá com vontade para aprender”, afirmou, acrescentando que há uma grande satisfação por parte do governo em transformar sonhos em realidade. “Temos esperanças em todos os alunos que participam do programa”, disse. “O Brasil agradece seus retornos.”


(Vivian Costa)

 

 

 

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